Cinema Reflexão e Opinião

| E o mundo depois de nós? | O mundo depois de nós

O Mundo Depois de Nós, dirigido por Sam Esmail, é uma adaptação do thriller literário de Rumaan Alam, que explora a reação humana em uma crise de proporções apocalípticas. O filme conta com um elenco estrelado, incluindo Julia Roberts, Mahershala Ali, Ethan Hawke e Myha’la Herrold, e é produzido por Barack e Michelle Obama. A narrativa segue uma família de classe média que decide passar as férias em uma casa de luxo em Long Island. No entanto, essas férias são abruptamente interrompidas quando o proprietário da casa, G.H. Washington (interpretado por Mahershala Ali), aparece com sua filha Ruth, relatando um misterioso apagão na Costa Leste.

A partir desse ponto, o filme não se preocupa em explicar o apocalipse em si, mas sim em mostrar as relações humanas em um momento de incerteza total. A direção de Esmail traz uma atmosfera de suspense, com enquadramentos de câmera únicos que destacam o isolamento e a crescente tensão entre os personagens. Na cena inicial, as paredes rachadas do quarto de Amanda e Clay sugerem uma relação “trincada” entre o casal, um detalhe visual que antecipa o conflito e a desconfiança que permearão o filme.

Teoria Apocalíptica e Reflexões Sociais

No decorrer do filme, George, o personagem de Mahershala Ali, compartilha teorias que ouviu de clientes do setor de defesa sobre como uma crise global poderia ocorrer. Ele descreve três fases que poderiam desencadear o caos:

  1. Isolamento Social: Em uma situação apocalíptica, as pessoas tendem a se reunir apenas com a família, criando uma mentalidade de “nós contra eles”.
  2. Corte da Comunicação e Desinformação: Sem acesso à informação confiável, surgem diferentes narrativas que apenas aumentam a confusão e o medo.
  3. Guerra Civil: A desinformação e o isolamento acabam provocando divisões que levam a conflitos internos e à desestruturação da sociedade.

Esses temas ganham vida à medida que as duas famílias enfrentam suas diferenças e percebem a necessidade de união para sobreviver. Em meio a crises pessoais e sociais, preconceitos são confrontados, dando lugar à empatia e à responsabilidade mútua.

O Mundo Depois de Nós (trailer) via Netflix/Divulgação

Opinião e Reflexão

A fotografia do filme é impactante, com um trabalho de câmera que realça a tensão e o desconforto dos personagens. A escolha de enquadramentos pouco convencionais provoca o espectador e reflete a atmosfera de incerteza que permeia o enredo. O diretor Sam Esmail cria uma narrativa visual que não apenas acompanha, mas intensifica o suspense.

As questões levantadas por O Mundo Depois de Nós são extremamente atuais. Em uma época em que a dependência da tecnologia e o medo de ataques cibernéticos crescem, o filme propõe reflexões inquietantes: E se um dia ficarmos realmente isolados? Como reagiríamos? Seríamos capazes de superar preconceitos e nos unir?

Orwellianamente inquietante e visualmente imersivo, O Mundo Depois de Nós convida o público a refletir sobre a fragilidade das conexões humanas e sociais. Em tempos de crise, nossa capacidade de empatia e humanidade será testada ao extremo.

Podemos dizer que passamos por um momento “apocalíptico” ou quase, não pela ausência de tecnologia, mas com a pandemia da Covid-19 em 2020. As perguntas acima foram respondidas na pós-pandemia e não foram as respostas que esperávamos. É bom lembrar que logo quando pudermos, literalmente, respirar mais aliviadamente por conta do controle da doença, iniciou-se a investida da Rússia contra a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022. Mais adiante no tempo houve o ataque do Hamas a Israel em 1 de outubro de 2023 que chacoalha o Oriente Médio, e ambas perduram até a presente data.

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